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Valor Investimentos: Balança comercial deve encolher

As exportações brasileiras não estão crescendo, salvo exceções. Dito isso, é de bom tom observar que a demanda externa pelos produtos brasileiros é crucial para determinar a performance das nossas exportações.

A razão pela qual isso está acontecendo é o fato de que o comércio mundial está estagnado. Outro motivo: os produtos brasileiros são caros, reflexo da carga tributária elevada e da infraestrutura deficiente.

Pelo lado das importações, acontece o oposto, ou seja, elas estão em alta. Neste caso, não há surpresas, já que a economia tem ganhado tração. Além disso, é possível observar que a participação do produto importado na cesta de consumo tem aumentado.

Em 2018, por exemplo, as importações cresceram mais do que o sugerido pela recuperação da economia, já que o parque produtivo nacional está defasado tecnologicamente.

O encolhimento da balança comercial deve prosseguir, o que pode gerar elevação do déficit em transações correntes, incluindo aí a balança de serviços. Este último atingiu 3% do PIB em outubro. Nesse sentido, chama-se a atenção da velocidade de deterioração, apesar do crescimento modesto da economia e da alta do dólar.

Se o país ingressar em um ciclo de investimento robusto e com a abertura comercial gradativa, ambos ampliando a exportação de bens – maquinário e insumos – e serviços tecnologicamente mais sofisticados, o déficit externo mais elevado será algo saudável, pois ajuda a impulsionar o crescimento de longo prazo ao elevar a produtividade da economia.

Luiz Alberto Caser

 

Palavras-chave: Exportações / Importações

Referências

https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2019/11/29/deterioracao-da-argentina-agrava-panorama-para-balanca-comercial-brasileira-diz-aeb.htm

https://valor.globo.com/financas/noticia/2019/11/28/juros-futuros-acompanham-dolar-e-caem-apos-revisao-da-balanca-comercial.ghtml

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Valor Investimentos: Novo ambiente de negócios necessita de diálogo

 

A economia brasileira ainda está com dificuldades em decolar. O primeiro nó que pode ser desatado é o fato de que a comunicação do novo governo pode ser mais eficaz e o tom oficial deve ser mais ameno, em prol das necessárias pautas reformistas tão importantes ao conjunto da sociedade. Em destaque: a reforma previdenciária e a reforma tributária.

Do otimismo eufórico dos setores empresarial e mercado no começo do ano, baseados não somente na chegada de uma nova agenda, mas também do alinhamento propositivo na composição de ministros como o da economia, Paulo Guedes, começou-se a ceder lugar uma preocupação diante dos empecilhos políticos.

A reforma da Previdência, carro-chefe do programa econômico, apresenta uma tramitação lenta. Por outro lado, há um clima relativamente favorável à sua aprovação, mesmo com alguma desidratação e não justifica, por si só, a reversão de expectativas. Uma reforma que economize cerca de R$ 600 bilhões sendo aprovada no terceiro trimestre é considerável e palatável no momento.

Para isso, é primordial a necessidade de se criar um clima de negociação com toda a sociedade e principalmente o Congresso, se houver realmente intenção de aprovar reformas que destravem o crescimento e ajudem na melhoria do ambiente de negócios. Trocando em miúdos, é necessário diálogo para haver um novo ambiente de negócios que seja saudável aos diferentes atores sociais.

Já no cenário local, o Espírito Santo tem sido um ponto fora da curva, por estar em dia com as contas públicas. No entanto, a maior parte dos entes federativos está em situação fiscal deprimente, cortando investimentos. Para se ter uma ideia, os estados investiram apenas R$ 934,8 milhões no primeiro bimestre, 64% a menos do que quatro anos antes.

O PIB capixaba cresceu em média 3% ao ano entre 2000 e 2018. Desempenho melhor que a economia brasileira, que cresceu por volta de 2% no mesmo período. A partir de 2010, a taxa média anual cai para cerca de 1%. Nesse mesmo período, a título de comparação, a economia brasileira praticamente não evoluiu.

O crescimento de 2% da atividade econômica capixaba nos três primeiros meses em 2019 foi influenciado pelo aumento no volume de vendas no comércio varejista (+7,9%), uma vez que o nível de produção industrial recuou 8,5% e o setor de serviços, -1,9%, de acordo com as pesquisas mensais do IBGE.

Ainda é prematuro considerar que o Brasil não voltará a crescer, mas sabemos cada vez mais a importância de não se queimar o capital político com querelas estéreis, já que a tendência é perder oportunidade de crescimento cíclico no início de um mandato. É preciso sanar as desconfianças sobre a recuperação do crescimento estrutural da economia e apontar a direção correta rumo a uma agenda liberal voltada para melhorar o clima de negócios no país. O diálogo é o melhor caminho.

Luiz Alberto Caser

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Valor Investimentos: Amarras da Economia

Finalizado o mês de abril, ainda persistem algumas amarras que têm prejudicado a aceleração da economia brasileira. Recentes dados sobre a atividade econômica têm gerado uma rodada de revisões para baixo de analistas no cenário doméstico.

O consenso do mercado, recentemente compilado pelo Banco Central, para o crescimento do PIB em 2019 apontava para 2,6% ao final do ano passado, e está próximo a 1,7% atualmente. Caso as projeções sejam confirmadas, seria preciso uma aceleração da economia para 0,6% ao trimestre para atingir uma projeção de 1,3%, por exemplo.

Outro ponto que nos leva a refletir os dados de baixa são as perspectivas para a economia mundial, a partir das projeções do FMI: de 3,5% para 3,3%. Algumas explicações são possíveis. A primeira delas refere-se aos reflexos dos choques ocorridos em 2018: a paralisação no setor de transportes, a recessão argentina e, principalmente, o aperto das condições financeiras observado no período de maior incerteza eleitoral.

No âmbito federal a incerteza sobre o progresso das reformas, como a da Previdência, tem ajudado a travar os investimentos e os gastos de consumo de valor elevado. A multiplicidade de explicações sugere que dificilmente teremos uma iniciativa de política econômica isolada que vá tirar a economia da estagnação, ou seja, não há bala de prata.

O avanço na agenda de reformas, mas também a agenda de desestatização e abertura, mais esforço para desatar alguns nós setoriais, bem como alguma ajuda extra da política monetária, devem finalmente acelerar a recuperação. Contudo, um grave problema poderia acontecer caso a perda da serenidade levasse ao governo tentativas anacrônicas de ressuscitar o nacional-desenvolvimentismo.

Luiz Alberto Caser

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Valor Investimentos: Reforma da Previdência e incerteza global

Enviada a proposta da Previdência, a partir de agora o Executivo inicia a fase de articulação no Congresso. OCDE divulga dados econômicos pouco animadores.  

Dentre as notícias mais relevantes do mês de fevereiro destacam-se, pelo viés doméstico, a proposta da Previdência apresentada ao Congresso e levada em próprio punho pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro da economia Paulo Guedes. Já no cenário externo, senão afligem, ao menos preocupam as manchetes sobre um possível fim do ciclo de expansão da economia global.

Os parâmetros da reforma não fugiram muito aos termos que foram antecipados ao longo do tempo. Mais dura com os servidores públicos, a proposta é mais ambiciosa e robusta que a do ex-presidente Michel Temer.

É bom lembrar que, na ponta do lápis, a intenção do governo é obter uma economia que ultrapassa R$ 1 trilhão em dez anos. No entanto, entre as intenções e o resultado está o Congresso Nacional. O texto irá tramitar na Câmara dos Deputados e terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cuja mesa diretora está em vias de ser definida.

Para isso, o governo terá de contar com uma peça hábil do xadrez, a fim de viabilizar a reforma: o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. É ele quem será, em boa parte, responsável pela articulação política na Câmara. Além disso, a influência sob a mesa diretora da CCJ será o primeiro teste de fogo.

Quanto ao estrangeiro, um relatório pouco animador divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta para uma desaceleração da economia global, mais pessimista que a do FMI. As novas projeções refletem os eventos dos últimos meses:

  1. EUA e China estão em persistente guerra comercial;
  2. Incertezas continuam sobre o Brexit;
  3. Enfraquecimento da Zona do Euro;
  4. Catástrofe político na Venezuela.

Ressalta-se que o PIB mundial e a inflação internacional perdem força, gerando choques negativos de demanda. É bom deixar claro que o Brasil, ainda que relativamente fechado em termos comerciais, tem sua dinâmica econômica afetada pelos ventos vindos de fora. Daí ser de extrema importância fazermos a tarefa de casa para que o vento vire brisa e não um tornado.

Luiz Alberto Caser

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