A economia brasileira ainda está com dificuldades em decolar. O primeiro nó que pode ser desatado é o fato de que a comunicação do novo governo pode ser mais eficaz e o tom oficial deve ser mais ameno, em prol das necessárias pautas reformistas tão importantes ao conjunto da sociedade. Em destaque: a reforma previdenciária e a reforma tributária.

Do otimismo eufórico dos setores empresarial e mercado no começo do ano, baseados não somente na chegada de uma nova agenda, mas também do alinhamento propositivo na composição de ministros como o da economia, Paulo Guedes, começou-se a ceder lugar uma preocupação diante dos empecilhos políticos.

A reforma da Previdência, carro-chefe do programa econômico, apresenta uma tramitação lenta. Por outro lado, há um clima relativamente favorável à sua aprovação, mesmo com alguma desidratação e não justifica, por si só, a reversão de expectativas. Uma reforma que economize cerca de R$ 600 bilhões sendo aprovada no terceiro trimestre é considerável e palatável no momento.

Para isso, é primordial a necessidade de se criar um clima de negociação com toda a sociedade e principalmente o Congresso, se houver realmente intenção de aprovar reformas que destravem o crescimento e ajudem na melhoria do ambiente de negócios. Trocando em miúdos, é necessário diálogo para haver um novo ambiente de negócios que seja saudável aos diferentes atores sociais.

Já no cenário local, o Espírito Santo tem sido um ponto fora da curva, por estar em dia com as contas públicas. No entanto, a maior parte dos entes federativos está em situação fiscal deprimente, cortando investimentos. Para se ter uma ideia, os estados investiram apenas R$ 934,8 milhões no primeiro bimestre, 64% a menos do que quatro anos antes.

O PIB capixaba cresceu em média 3% ao ano entre 2000 e 2018. Desempenho melhor que a economia brasileira, que cresceu por volta de 2% no mesmo período. A partir de 2010, a taxa média anual cai para cerca de 1%. Nesse mesmo período, a título de comparação, a economia brasileira praticamente não evoluiu.

O crescimento de 2% da atividade econômica capixaba nos três primeiros meses em 2019 foi influenciado pelo aumento no volume de vendas no comércio varejista (+7,9%), uma vez que o nível de produção industrial recuou 8,5% e o setor de serviços, -1,9%, de acordo com as pesquisas mensais do IBGE.

Ainda é prematuro considerar que o Brasil não voltará a crescer, mas sabemos cada vez mais a importância de não se queimar o capital político com querelas estéreis, já que a tendência é perder oportunidade de crescimento cíclico no início de um mandato. É preciso sanar as desconfianças sobre a recuperação do crescimento estrutural da economia e apontar a direção correta rumo a uma agenda liberal voltada para melhorar o clima de negócios no país. O diálogo é o melhor caminho.

Luiz Alberto Caser