Finalizado o mês de abril, ainda persistem algumas amarras que têm prejudicado a aceleração da economia brasileira. Recentes dados sobre a atividade econômica têm gerado uma rodada de revisões para baixo de analistas no cenário doméstico.
O consenso do mercado, recentemente compilado pelo Banco Central, para o crescimento do PIB em 2019 apontava para 2,6% ao final do ano passado, e está próximo a 1,7% atualmente. Caso as projeções sejam confirmadas, seria preciso uma aceleração da economia para 0,6% ao trimestre para atingir uma projeção de 1,3%, por exemplo.
Outro ponto que nos leva a refletir os dados de baixa são as perspectivas para a economia mundial, a partir das projeções do FMI: de 3,5% para 3,3%. Algumas explicações são possíveis. A primeira delas refere-se aos reflexos dos choques ocorridos em 2018: a paralisação no setor de transportes, a recessão argentina e, principalmente, o aperto das condições financeiras observado no período de maior incerteza eleitoral.
No âmbito federal a incerteza sobre o progresso das reformas, como a da Previdência, tem ajudado a travar os investimentos e os gastos de consumo de valor elevado. A multiplicidade de explicações sugere que dificilmente teremos uma iniciativa de política econômica isolada que vá tirar a economia da estagnação, ou seja, não há bala de prata.
O avanço na agenda de reformas, mas também a agenda de desestatização e abertura, mais esforço para desatar alguns nós setoriais, bem como alguma ajuda extra da política monetária, devem finalmente acelerar a recuperação. Contudo, um grave problema poderia acontecer caso a perda da serenidade levasse ao governo tentativas anacrônicas de ressuscitar o nacional-desenvolvimentismo.
Luiz Alberto Caser