O mês de novembro teve a volatilidade dos principais ativos globais em níveis relativamente elevados. Durante o mês as informações sobre a atividade da economia global continuaram negativas, destaque para a depreciação dos ativos de crédito americanos e a acentuada queda das cotações do petróleo. Dois fatores importantes podem dar fôlego ao mês de dezembro: a trégua temporária na disputa comercial entre EUA e China, dando um alívio no aumento das tarifas que prejudica a confiança da economia mundial, e uma mudança relevante na comunicação do FED, que percebeu com a inflação e preços mais baixos uma oportunidade de alongar o ciclo de aperto monetário. Além disso, vale observar o embate sobre a política fiscal entre Itália e União Europeia, e a negociação entre Reino Unido e União Europeia quanto ao Brexit.

No Brasil, os ativos locais seguem em linha com os demais países emergentes. A formação da equipe do novo governo aparentemente agrada, contudo, as incertezas em relação a execução da agenda reformista continuam. É interesse observar três temas com potencial em determinados setores: aumento do consumo das famílias dado o aumento de confiança e redução de desemprego, melhora do ambiente de negócios e redução da percepção de risco em setores regulados e por fim compressão de juros reais.

Na alocação de ativos, vale destacar os pontos relevantes das principais classes de ativos: renda fixa, multimercados e renda variável.

Na renda fixa, as novidades ficaram por conta de uma percepção de que a inflação pode ser menor do que a esperada com a melhora nos preços de energia em dezembro, permitindo ao BC manter os juros nos atuais 6,50% ao ano por mais tempo, talvez por todo o ano de 2019. Considerando a marcação na curva para os ativos nas carteiras e a inflação para novembro pelo IPCA-15, a rentabilidade foi superior ao CDI para ativos indexados à inflação com taxas superiores a IPCA + 4,10%.

No mês de novembro, o índice de referência dos Multimercados (IHFA) teve um retorno próximo a 20% do CDI. Os gestores obtiveram um retorno inferior ao CDI devido, principalmente, a posição internacional dos fundos, que tinham uma expectativa maior em relação ao aumento de juros nos EUA. Este posicionamento teve impactos negativos nos fundos, visto o discurso do FED mais moderado quanto ao aumento de juros e devido a diminuição das tensões comerciais.

Na renda variável, o Ibovespa encerrou o mês com rentabilidade de 2,4%. Em geral, o estrangeiro preferiu não dar o benefício da dúvida ao novo governo. Sendo assim, até a penúltima semana do mês, os estrangeiros haviam sacado mais de R$ 4 bilhões da Bolsa. Entretanto, visto as notícias positivas quanto a nomeações políticas e a expectativa quanto a retomada do crescimento, os investidores locais mantiveram o movimento de compra e foram responsáveis em maior parte pelo aumento verificado no mês.

Luiz Alberto Caser