O cenário político segue confuso. No início do mês ocorreu o atentado ao candidato Jair Bolsonaro, e poucos dias depois a proibição da candidatura de Lula pelo TSE. É difícil imaginar um desenlace que não seja um segundo turno entre os candidatos Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.

A ata da última reunião do Copom manteve a taxa básica de juros em 6.5% ao ano e mostra os dados de inflação com projeções para 2019 a 2021 acima das metas definidas, o que deixa claro o viés de alta para a Selic. Caso o real siga no processo de depreciação, o início do ciclo de alta poderia ocorrer já em outubro. Do contrário, o Copom deve manter os juros estáveis por um período mais longo com o intuito de avaliar os efeitos dos movimentos cambiais passados. Sendo assim, o processo de elevação da taxa básica seria para o início de 2019.

Em setembro o mercado continuou bastante volátil, com o Índice Bovespa fechando o mês positivo em 3.48%, principalmente pela alta das ações de Petrobrás e Vale. O cerne em questão continua sendo o processo eleitoral brasileiro, incerto e bastante atribulado. No contexto atual, a retomada da atividade continua bastante lenta, com os indicadores de confiança mostrando quedas recentes, influenciados principalmente pelo cenário político.

Nos EUA, o núcleo da inflação em agosto acumula 1,96% de variação nos últimos 12 meses. Os dados recentes de inflação surpreenderam para baixo, insinuando que a valorização do dólar desde o segundo trimestre do ano teve efeito sobre os preços da economia, mesmo com o mercado de trabalho apertado e forte crescimento da atividade econômica. O Fed elevou a taxa básica de juros para o intervalo entre 2.0% e 2.25%, em linha com o esperado pelo mercado.

Na Zona do Euro, a inflação mostrou variação mensal de 0.03% em setembro e acumula 0.9% nos últimos 12 meses, abaixo do objetivo do Banco Central Europeu. A ausência de pressão inflacionária na Europa possibilita uma retirada gradual dos estímulos monetários.

Em suma o que se pode dizer é: temos um cenário que reúne juros nos EUA em alta, liquidez global mais restrita para mercados emergentes, e elevada incerteza associada aos impactos da eleição Presidencial no Brasil.

Luiz Caser