A especialista Zeina Latif explicou porque o Brasil precisa aprovar a mudança com urgência
Empresários, executivos e autoridades marcaram presença no primeiro Conexão Cindes do ano, que aconteceu na noite dessa quinta-feira (22), no auditório da Findes. Com o tema “2018: Brasil sem reforma da Previdência. Para onde vai a economia?”, a economista chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, falou sobre os rumos do mercado brasileiro e o que a sociedade pode esperar para o próximo ano.
O tema, que preocupa empresários e economistas, deve continuar em pauta após as eleições, já que o rombo na Previdência bate recordes a cada ano e já preocupa investidores internacionais, colocando a macroeconomia brasileira em risco.
Latif ressaltou que o mercado ainda dá o “benefício da dúvida” para o país porque, na atual gestão, criou-se uma agenda fiscal, para “arrumar a casa”, posto que, segundo análise da especialista, no governo anterior não se sabia quais rumos o Brasil deveria tomar. “Era uma crise instalada, todo mundo sabia que ia piorar e o governo não sabia para onde ir”, explicou.
A economista ressalta, no entanto, a necessidade de avançar com a reforma da Previdência, que é a “espinha dorsal do ajuste fiscal”. “Este é o gasto que mais pressiona as contas públicas. Em 2016, a gente gastou mais de 13% do PIB com a previdência mesmo sendo um pais ainda jovem, mas estamos envelhecendo rapidamente. Na década de 60, as mulheres tinham em média seis filhos, hoje elas têm 1.9, o que não repõe um casal. Além disso, para quem chega aos 60 anos, a expectativa de vida, para as mulheres é de até 85, para os homens, 80”, declarou.
Reforma é inevitável
O próximo presidente do Brasil terá que fazer a Reforma, sob pena de não conseguir terminar o mandato. A análise da especialista se deve ao rombo cada vez maior nas contas públicas. Se o presidente eleito não conseguir apresentar uma proposta satisfatória para a reforma, não será possível investir em mais nada, porque se gastar não vai estar respeitando as amarras constitucionais que limitam o gasto público no Brasil”, enfatizou.
Para efeito de comparação, o brasil gasta, per capta, seis vezes mais com idosos do que o que é investido em crianças. “A pobreza é muito maior nas crianças. 42% delas estão abaixo da linha de pobreza. A gente está falando que tem um país de crianças pobres, enquanto – para quem se aposenta por tempo de contribuição- mulheres se aposentam com 52 e homens com 55. Vocês acham que faz sentido? E quem se aposenta por tempo de contribuição não é pobre no Brasil. Pobre já se aposenta por idade, com 60 ou 65 anos”, disse.
Por Elaine Maximiniano